Categoria: Artigos
Data: 04/06/2025
Será que você se casou com a pessoa errada?
Valdeci Santos

Crises e desavenças no casamento são inevitáveis! A união de duas pessoas com formação e personalidades diferentes realmente apresenta desafios. Embora as Escrituras afirmem que o casal se torna uma só carne (Gn 2.24), o fato é que eles continuam sendo duas almas distintas. É normal que o relacionamento conjugal enfrente momentos difíceis. Às vezes o romance esfria, outras vezes as discussões se tornam frequentes – por motivos até banais (a escolha da cor da parede!) e, em algumas ocasiões, a comunicação sofre intensamente (parece até um diálogo entre dois idiomas diferentes).

Em meio a esse turbilhão, alguns casais são aterrorizados por uma pergunta angustiante: “Será que eu me casei com a pessoa errada?”. Parece ser mais fácil, diante das dificuldades, concluir que erramos na escolha. Assim, alguns cônjuges se sentem como se tivessem perdido o “par ideal” e só lhes resta a alternativa de “suportar o casamento” ou de “fugir dele”, o que leva alguns a flertarem com a possibilidade do divórcio. Mas, e se existir outra maneira de lidar com as crises no casamento? E se a Bíblia nos orientar em outra direção?
Seguem cinco exortações bíblicas que nos convidam a considerar outros modos de lidar com crises conjugais.

1. Rejeite essa mentira – A ideia de que você se casou com a pessoa errada é uma mentira. A Palavra nos lembra de que Deus planejou todos os nossos dias antes mesmo de nascermos (Sl 139.16) e isso inclui o nosso casamento. Deus é soberano e usa todas as coisas para cumprir seu propósito bom e perfeito (Ef 1.10; Rm 8.28-29). Deus está mais interessado na nossa santidade do que em nosso conforto. Por isso, até os conflitos conjugais são usados pelo Senhor para nos fazer crescer em paciência, amor, domínio próprio e os demais aspectos do fruto do Espírito.

2. Enterre o seu sonho irreal sobre o casamento – Talvez o problema não seja seu cônjuge, mas sua visão equivocada do que é o casamento. Você esperava alguém que pensasse igual, sentisse igual e gostasse das mesmas coisas que você? Um reflexo de si mesmo na versão do sexo oposto? Se era isso, tal coisa seria uma fantasia desastrosa. O casamento real é diferente: é um relacionamento entre dois pecadores, unidos por Deus para se lapidar mutuamente (Pv 27.17). Esse processo pode ser doloroso, mas é um meio valioso de nos tornar mais parecidos com Cristo.

3. Substitua a mentalidade consumista pela disposição em servir – Muitos veem o cônjuge como um “produto adquirido” que precisa satisfazer suas necessidades emocionais, físicas e espirituais. Quando isso não acontece, a frustração vira ressentimento. Em vez de cultivar essa perspectiva mundana, devemos deixar de agir como consumidores e adotar a atitude de servos. Aliás, é a isso que Paulo nos exorta em Filipenses 2.4-7, pois ter o sentimento que houve em Cristo implica assumirmos a forma de servos. Logo, em vez de cobrar seu cônjuge, sacrifique-se por ele. O amor verdadeiro é revelado quando seguimos o exemplo de Cristo e nos doamos ao outro (Ef 5.25).

4. Eleve os olhos para o modelo de relacionamento conjugal estabelecido pelo próprio Deus – Como navegar sobre as crises no casamento? A resposta está no relacionamento de Jesus com sua Igreja. O Noivo Celestial estabelece o modelo de como devemos tratar e caminhar com nosso cônjuge terreno (Mt 9.15; Is 53). Jesus se entregou por uma noiva nada ideal, a igreja. Ele a amou até a morte. Logo, quando olhamos para ele e investimos esforços em nossa comunhão com ele, somos transformados à sua imagem. Essa transformação certamente se reflete no casamento. O amor e a graça que recebemos de Cristo são derramados em nosso ministério conjugal e em nosso serviço ao nosso cônjuge.

5. Considere as áreas em que você precisa crescer em seu matrimônio – Em tempos de crise no casamento, é fácil olhar para o cônjuge e identificar os erros dele. No entanto, crises não expõem apenas as fraquezas dos outros, mas as nossas também. Conflitos podem ser reveladores e acabam evidenciando nossa prontidão para acusar a outra pessoa, nossa impaciência, nossa tendência de explodir em ira e usar palavras que machucam o íntimo de quem amamos, etc. Enfim, conflitos e crises revelam as inclinações de nosso coração que é desesperadamente corrupto (Jr 17.9). Mas se utilizarmos a descrição do fruto do Espírito (Gl 5.22-23) como padrão para nosso crescimento, identificaremos áreas nas quais precisamos amadurecer. Que tal “benignidade” e “bondade” na maneira de tratar a pessoa com quem nos casamos? Que tal exercer o “domínio próprio” antes de abrir a boca para o mal? Se considerarmos essas verdades, poderemos estabelecer um plano para crescer nas áreas em que somos fracos.

Se você está enfrentando tempos difíceis em seu casamento, não desanime. O Deus que nos sustenta não erra e não errou no plano que ele tem para nós. Em Cristo, há esperança, restauração e crescimento. As Escrituras são claras ao afirmar: “O que Deus ajuntou não separe o homem” (Mc 10.9).

O Rev. Valdeci da Silva Santos é pastor da IP de Campo Belo, SP, Diretor do Andrew Jumper e colaborador do Brasil Presbiteriano



Autor: Jornal Brasil Presbiteriano   |   Visualizações: 797 pessoas
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